ATA DA
CENTÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 22.09.1987.
Aos vinte e
dois dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Centésima Sexta Sessão Ordinária da Quinta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos,
constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da
Centésima Quinta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da
inexistência de "quorum". À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Hermes
Dutra, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 89/87 (proc. nº 2081/87), que altera
o “caput” do art. 1º da Lei nº 5892, de 15 de maio de 1987, que denominou Rua
Rubens Torelly um logradouro público; pela Verª. Jussara Cony, 01 Pedido de
Informações, acerca dos limites do terreno pertencente à Escola Estadual de 1º
Grau Prof. Otávio de Souza, na Rua Afonso Rodrigues, 100; pelo Ver. Lauro
Hagemann, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 90/87, que denomina Rua Dr. Júlio
Teixeira um logradouro público. Do EXPEDIENTE constaram: Aerograma do Dep.
Federal Victor Faccioni; Telex do Ver. José Francisco Alves, da Câmara
Municipal de Belo Horizonte; do Sr. Ministro de Estado da Indústria e do
Comércio; do Sr. Embaixador Adolfo Donamari, Consul Geral do Uruguai; do Sr.
Hipérides Ferreira de Mello, Delegado do MEC; do Sr. Dep. Germano Bonow, Líder
da Bancada do PFL; do Sr. Fábio André Koff, Secretário Especial do Governo, RS;
do Sr. Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados; Comunicado da
Secretaria Particular do Palácio do Planalto. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico
Barbosa lamentou ainda não ter recebido da Secretaria Municipal dos Transportes
qualquer resposta quanto à idéia que lançou de uma campanha intitulada “Adote
uma Sinaleira”, com o objetivo de buscar soluções aos problemas de sinalização
enfrentados pela Cidade. Falou sobre sinaleira existente na Rua Olavo Barreto
Viana, esquina com 24 de Outubro, salientando estar a mesma encoberta pelos
galhos de uma árvore, o que prejudica sua visualização por parte dos
motoristas. Teceu comentários sobre o Plano de Governo do PDT para o setor dos
transportes, defendido por este Partido antes de sua posse no Executivo
Municipal, analisando o não-cumprimento, até hoje, dos objetivos ali
constantes. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE o Ver. Brochado da Rocha discorreu
acerca do sistema de sinalização de Porto Alegre, destacando o grande número de
sinaleiras existentes no Município, o que tem prejudicado sua conservação pela
SMT e sua utilização pelos motoristas e atentando para a necessidade da busca
de uma nova filosofia quanto a esta questão. Analisou os problemas encontrados
no trânsito da Cidade, suas causas e as soluções que vêm sendo estudadas para a
área. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Jorge Goularte disse que procuraria
formar, na Casa, um grupo de Parlamentares de Centro, de forma apartidária.
Comentou Projeto de Lei de sua autoria, que visa a abertura do comércio na
Cidade, inclusive nos fins de semana, salientando que a nova Constituição
estabelecerá o período de quarenta horas semanais como a jornada máxima de
trabalho, o que garantirá que seu Projeto crie novas ofertas de emprego sem
aumentar o horário de trabalho dos funcionários da área. Ainda em COMUNICAÇÕES,
o Ver. Hermes Dutra teceu comentários acerca de projetos de lei que são votados
na Casa sem seguir a tramitação legal exigida pelo Regimento Interno, falando
sobre Projeto de Lei, de sua autoria, que tramitou pela Casa em mil novecentos
e oitenta e quatro, buscando mudanças no Regimento Interno através da criação
da figura do acordo de lideranças, na busca de uma maior agilização dos
trabalhos da Casa. O Ver. Flávio Coulon congratulou-se com o Semanário RS, pelo
transcurso de um ano de sua fundação, salientando ser ele integrante de um
imprensa que é de critica ao atual Governo, mas de uma forma construtiva que tem
ajudado nosso Estado. Falou sobre o Jornal “A Metrópole”, distribuído na
Cidade, lamentando a linha editorial seguida pelo mesmo. Reportou-se ao
pronunciamento, de hoje, do Ver. Jorge Goularte, acerca da constituição de um
grupo de centro nesta Casa, comentando notícia veiculada no Jornal do Brasil,
acerca de uma possível coligação do PFL, PDS e PDT para as futuras eleições
municipais. O Ver. Getúlio Brizolla discorreu acerca da atuação do Pref. Alceu
Collares frente ao Executivo Municipal, congratulando-se com o trabalho de
S.Exa. e criticando o Governo do PMDB junto ao Executivo Estadual. Teceu
comentários sobre a visita feita, ao Estado, pelo ex-Presidente da República
João Batista Figueiredo. Falou sobre seu trabalho junto à comunidade
porto-alegrense, como Vereador do PDT. O Ver. Isaac Ainhorn comentou Projeto de
Lei de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dispõe sobre alterações nas Leis de
nºs 4616/87 e 5743/86, dizendo haver solicitado o desarquivamento do mesmo.
Analisou os reajustes que vêm sofrendo as tarifas do transporte escolar,
dizendo que, em seu total, já alcançaram um aumento acumulado de cerca de
quinhentos por cento nos últimos oito meses. Destacou a importância da votação
do Projeto de Lei do Ver. Elói Guimarães para que haja um maior controle dos
aumentos daquele tipo de transporte. Em prosseguimento, o Sr. Presidente
solicitou ao Ver. Hermes Dutra, Líder da Bancada do PDS, que conduzisse ao
Plenário o Dep. Jarbas Lima, em visita a este Legislativo, e concedeu a palavra
ao Ver. Isaac Ainhorn, que saudou S.Exa. em nome da Casa. Ainda em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Ver. Frederico Barbosa teceu comentários sobre o pronunciamento, de
hoje, do Ver. Brochado da Rocha, acerca do sistema de sinalização de nosso
Município. Falou sobre solicitação feita, há mais de um mês, por moradores da
Av. Salgado Filho ao Pref. Alceu Collares, de solução para o problema do grande
número de ônibus que circulam e têm parada naquela Avenida, dificultando o
acesso dos moradores do local aos seus prédios, destacando a necessidade de
medidas urgentes para que seja alterada esta situação. E o Ver. Cleom
Guatimozim comentou notícia veiculada pela imprensa, acerca da emancipação de
trinta novos municípios gaúchos e da existência de outros vinte e sete que se
encontram, atualmente, em busca de sua emancipação, declarando-se preocupado
com este quadro, tendo em vista que estas comunidades nem sempre possuem o
necessário respaldo financeiro. Atentou para o fato de que este surto
emancipatório atende mais a interesses políticos que geográficos, econômicos ou
sociais. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do
Conjunto Musical Os Serranos. Constatada a inexistência de "quorum",
o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e cinqüenta e oito minutos,
convocando os Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes e
convidando-os para a Sessão Solene, a seguir, destinada a entrega do Prêmio
Artístico Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Musical Os Araganos, concedido por
Projeto de Resolução, aprovado, de autoria do Ver. Hermes Dutra. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Gladis Mantelli e
Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Frederico
Barbosa. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por
mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Passamos às
O primeiro orador inscrito é o Ver. Ignácio Neis, que transpõe seu
tempo com o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tenho repetidas vezes vindo à tribuna apelar para manifestações da
Secretaria Municipal dos Transportes sobre os vários problemas que afligem a
nossa Cidade e sobre várias idéias que, inclusive, coloquei à disposição do
Prefeito Municipal e do Titular da SMT, Ver. Elói Guimarães. Mas não consigo
compreender a SMT até o presente momento. Não há nenhuma resposta e, sob certo
aspecto, nenhum interesse em responder, pois, na última vez, estive
pessoalmente, apelando para que olhasse documento que está lá protocolado,
endereçado por este Vereador. Há a afirmação do Secretário de que não continha,
por exemplo, a idéia “Adote uma Sinalização”. Mas ela está colocada no último
período do documento, que fala sobre a sinalização das escolas. Pedi uma
resposta, pedi que fosse examinado o processo e nada foi feito.
Pois, agora, a SMT continua a cometer alguns atos, pelo menos
interessantes, na Cidade.
Ver. Flávio Coulon, vou fazer V. Excelência visualizar, pois sei que
conhece bem o problema: Rua Olavo Barreto Viana, esquina 24 de Outubro; ali
completado o binário Félix da Cunha e Dr. Timóteo, a sinaleira que já está
sendo preparada, tem a sinaleira que desce a Olavo Barreto Viana ao lado do
Parcão, vem para a Olavo Barreto Viana e, hoje, a Olavo Barreto Viana, que tem
mão dupla, passa a ter duas pistas no sentido Félix da Cunha e Parcão. Por
incrível que pareça, é um convite para que todos os presentes lá compareçam -
as coisas só acontecem comigo. As sinaleiras são colocadas uma de cada lado,
pois que as duas pistas descem para o Parcão. Uma delas está embutida dentro da
árvore, ou seja, a árvore tem dois galhos, e a sinaleira foi colocada por
dentro da árvore, pois, certamente, há um problema. É o problema que o Ver.
Wilton Araújo colocou num “a pedido” pago por todo o povo de Porto Alegre, o
problema de Porto Alegre é climático. Provavelmente, a Prefeitura decretou que
não há temporais em Porto Alegre. Pois, se o temporal existir, existem dois
galhos e a sinaleira está como se fosse o microfone que estou falando, se
ventar daqui para lá, bate e se ventar do lado esquerdo para lá, bate, também.
Do lado esquerdo foram podados alguns
galhos, mas se colocaram atrás, porque podaram o galho, e esconderam a
sinaleira, e hoje, segundo a data, 22 de setembro, a árvore que estava pelada,
nua, as folhas estão começando a aparecer. Certamente, o que eu fiz hoje,
outros terão que fazer. Numa metragem , mais ou menos, de três metros abaixo da
sinaleira, quer dizer, o primeiro carro ao chegar embaixo da sinaleira saberá
se o sinal está verde, amarelo ou vermelho. Quem sabe se chama o Ver. Nei Lima
e corta-se a árvore. Eu nunca via coisa igual. Quem sabe de binóculo lá de cima
da Félix da Cunha se enxergue a sinaleira? Por que não colocam sinaleira que
atravesse lado a lado?
A sinaleira poderia ficar no meio da pista. A árvore da direita não
estaria colocada na frente da sinaleira, e a sinaleira da esquerda por culpa da
árvore não estaria embutida no meio da árvore. É um caso climático, conforme
explicou corretamente o Ver. Wilton Araújo, Secretário. Diga-se de passagem que
a data para que Porto Alegre não tenha problema é no próximo verão, onde a
umidade não existirá, a chuva passará e a Prefeitura não terá nenhum buraco,
segundo declarações do Secretário de Obras e Viação, que, parece-me, assumiu
também o DMAE e o DEP, porque deu a nota em nome dos três.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vamos ajudar ao pessoal da SMT. Em primeiro lugar,
ouso dizer que aquela sinaleira do lado esquerdo é dispensável. Em segundo
lugar, aquela pista da Olavo Barreto Viana, na medida em que vem da Padre
Chagas em direção a 24 de Outubro, calçada da esquerda, deveria ir sofrendo,
através de divisores, um estreitamento progressivo, uma vez que ela, chegando a
pleno tráfego, nós só teremos duas alternativas, a que dobrará a direita ou que
seguirá pela perimetral. Logo, quem vier pela faixa esquerda e quiser enveredar
pela perimetral, poderá entrar em linha de colisão com o que vem pela faixa da
direita.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Certamente, em diagonal.
O Sr. Flávio Coulon: Então, seria de interesse
estreitar a chegada da Olavo Barreto Viana e, com isso, dispensarmos a
sinaleira do lado esquerdo. As sinaleiras ficaram muito na esquina.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Bastaria se pintar uma
faixa de segurança a 4 ou 5 metros da esquina e está resolvido o problema.
Isto aqui, Ver. Flávio Coulon, é cópia do plano de Governo do PDT: área
de transportes públicos e passageiros, sínteses das proposições e
recomendações. Veja, Vereador, que peça rara. A médio prazo deverão ser
avaliados os estudos de viabilidade para a implantação das seguintes opções de
Porto Alegre: trólebus, aeromóvel, transporte fluvial e, para surpresa minha, o
PDT já falava por conta própria, ciclovias. Já passaram, graças a Deus, mais de
cinqüenta por cento do período em que este Executivo aí deverá permanecer, por
conta e risco, daqueles que nele acreditaram. O verão já está aí e, se a chuva
bater, haverá os buracos e, se as sinaleiras caírem e continuarem assim, não
chegaremos nem ao longo do prazo, e me parece que o médio prazo caiu. Então,
isto eu pretendo analisar calmamente em outro pronunciamento, é que as
promessas - e o Executivo é recheado de Projetos - do Executivo são coisas
assim, e até agora nada foi feito, a não ser que o Ver. Getúlio Brizolla me
traga outra informação sobre o trólebus, aeromóvel, transporte urbano e
ciclovias. Este Vereador deu uma voltinha com o Ver. Isaac Ainhorn no aeromóvel
e se fez uma reunião aqui em nome da CUTHAB. Mas o Executivo não sabe nada. Em
compensação, as coisas na SMT estão funcionando assim: as idéias não têm
resposta, as sinaleiras, ou estão atrás de árvores, ou dentro delas - no sentido
figurado, em que é colocada uma haste na sinaleira, entre um galho e outro, na
Olavo Barreto Viana.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Agradeço o aparte e digo mais, estou trabalhando em
cima de suas frases, e tenho em mãos esse assunto. Lembro daquela pessoa que
criou a iluminação pública da Capital do Estado onde nós vivemos. Ver.
Frederico Barbosa, eu digo, com a boca cheia de verdade, que continuo admirando
o trabalho de quem trabalha sério.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o seu aparte, o
qual muito honra o meu pronunciamento. Encerro, dizendo que espero da SMT
compreensão para com o povo de Porto Alegre, pelo menos para que as sinaleiras
novas não fiquem atrás das árvores, para que não tenhamos, apesar das intempéries,
uma Cidade em que os cruzamentos estão ao Deus-dará.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Com referência ao que V. Exa. falou sobre o Ver. Nei
Lima, informo que o Ver. Nei Lima está trabalhando - e muito - para esta
Cidade.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu sei disso e só falta
chamar o Ver. Nei Lima para cortar a árvore, pois, com uma sinaleira atrás da
árvore, é preciso fazer uma opção: ou se retira a sinaleira, ou se corta a
árvore. Certamente, vai-se optar pelo mais fácil: tira-se a árvore, que foi
colocada ali há mais de 100 anos, quem sabe até por esta pessoa que V. Exa. não
disse o nome e que foi quem colocou a iluminação na Cidade. Mas não posso saber
quem é, pois V. Exa. não disse o nome e eu me considero muito moço, ainda,
pois, desde que me tenho por gente, já tinha iluminação pública. Mas tenho
certeza de que V. Exa. colaborou muito com o meu pronunciamento, o qual fará
eco através da sua palavra, pois sei que V. Exa. fará chegar aos ouvidos do Executivo.
Também sei que a nossa competente assessora do Executivo, Dona Terezinha, fará
chegar aos ouvidos do Executivo de que é só mandar alguém lá para olhar a
sinaleira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Com a palavra, em tempo de Presidência, Ver. Brochado da Rocha.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, cada vez que o Ver. Frederico Barbosa ocupa esta tribuna, falando
sobre sinaleiras, sinalização e outras coisas, não posso deixar de registrar o
fato que acontece na Cidade. Nas cidades do mundo, percentualmente, é claro,
não existe uma cidade que tenha tantas sinaleiras como Porto Alegre. Acho, Ver.
Frederico, que o dispêndio da Prefeitura Municipal com estas sinaleiras poderia
ser usado em outra forma de racionalizar o tráfego de Porto Alegre e V. Exa.,
“data venia”, apoiou esse monstrengo que foi criado aí que é o tráfego de Porto
Alegre. Quero deixar, uma vez mais, registrado nos Anais da Casa que a
Secretaria dos Transportes, em verdade, não deveria ser Secretaria dos
Transportes, é a primeira coisa, já está errada no nome, e ela recebeu um
tratamento absolutamente tecnocrático e criaram tantas sinaleiras que não dá
para arrumá-las; é uma verdadeira gincana para arrumar as sinaleiras de Porto
Alegre. Não resolveu nada; o tráfego em Porto Alegre é dramático, risível,
inclusive quero pautar que, bem ou mal, a última coisa feita em Porto Alegre
foi a criação dessa música desse “pau-de-sebo” para se conseguir entrar na
Cidade, ou melhor, no Centro da Cidade, tem que se dar voltas e voltas. No
resto, Porto Alegre parou; não existe nada, nem desta administração, nem das
outras. Nós que até tínhamos algumas coisas evoluímos, vamos dizer, uma cota
zero; não há, dentro de Porto Alegre, nenhuma filosofia a ser mudada a não ser
aquela que veio dos tempos de 15 anos para cá. Não mudou nada, Ver. Frederico.
Diria que seria muito bom para Porto Alegre se estas sinaleiras fossem
derrubadas, para podermos repensar as sinaleiras. O que criaram de sinaleiras,
em Porto Alegre, faz inveja a qualquer imbecil. Eu tenho que registrar isso,
porque essa volúpia das sinaleiras continua, isto é, fóbico. Eu, pessoalmente,
tenho muita dificuldade de explicar a Cidade de Porto Alegre para que as
pessoas que vêm aqui e perguntam se isto aqui é um festival de sinalização para
embelezar a Cidade. Algumas pessoas pensam que as sinaleiras são para embelezar
a Cidade na época de Natal. De tal sorte, Ver. Frederico Barbosa, acho que
também se andou com uma conversa sobre a implantação de transporte fluvial.
Isto é muito complexo. E não aparece em Porto Alegre nenhuma cabeça pensante
para modificar o que está aí. Talvez só o que V. Exa. tem falado muito, isto é
que as forças da natureza possam modificar. Enquanto estiver este “status quo”,
eu não acredito em nada em matéria de circulação em Porto Alegre.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de agradecer o aparte e colocar mais uma
razão em cima da sua verdade e dizer ao Ver. Frederico Barbosa que toda a
sinalização de Porto Alegre tem que ter uma metragem. Para isso, tenho certeza
de que o Ver. Brochado da Rocha tem muito conhecimento e até poderia consultar
a Secretaria Municipal de Transportes porque ali está tudo dentro do Regimento
Interno. Gostei muito da colocação de V. Exa. e, através da pergunta do Ver.
Frederico Barbosa, nós vamos responder, o PDT vai responder. Muito obrigado.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Ver. Getúlio Brizolla,
quero deixar bem claro, desta tribuna, que em Porto Alegre houve uma inversão
muito séria. Na medida em que construíram as perimetrais foram estabelecidos os
corredores e aí a bagunça foi geral. A partir deste momento, Ver. Getúlio
Brizolla, há que se justificar todas as sinaleiras do mundo. Estes corredores
representam a preterição das chamadas perimetrais que não foram concluídas. Se
V. Exa. prestar a atenção, vai ver que a Primeira Perimetral não acabou, a
Segunda idem, a Terceira idem, a Quarta idem. Isto poderia dizer que a Cidade é
inacabada. Não acabou Porto Alegre; e, no que está para acabar, vamos chamar
assim a Primeira Perimetral, para raciocinar, ela vai acabar mal porque é um
desenho antigo. É um desenho que vem da década de 20 ou 30, que pegaram o
espaço de Porto Alegre e desenharam que assim seria. Será que hoje condiz com
nossos tempos? Agora, na hora que quiseram cortar uma Cidade e remeteram todo o
mundo aqui para esse final, em vez de fazerem as perimetrais, aí virou
anarquia.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, em primeiro lugar, eu discordaria da
afirmação de V. Exa. de que Porto Alegre é uma Cidade que tenha o maior número
de sinaleiras do mundo. Acho que nós temos que ver a geografia de Porto Alegre;
proporcionalmente, talvez Porto Alegre seja a Cidade que tem o maior número de
veículos do Brasil para o número de habitantes. Eu lembraria a falta de
educação do motorista porto-alegrense tradicional para justificar esse número
excessivo de sinaleiras. Mas, ouvindo V. Exa. falar, V. Exa. me deu um
argumento sensacional a respeito do Projeto da Praia do Guaíba, porque V. Exa.
está reclamando que todo o trânsito da Cidade está sendo remetido para esse
resto da Cidade, imagine agora concentrando essa bateria de edificações aqui
neste resto da Cidade, o que vai ser o trânsito da Cidade. Muito obrigado.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Vereador, V. Exa. pode ter
razão em tudo, menos nisso, só por um detalhe. Se V. Exa. prestar atenção, um
dos grandes estrangulamentos que existem em Porto Alegre é exatamente nessa
área e, na medida em que a Cidade não avança, ela fica aqui nesse canto. Basta
ver que V. Exa., junto com os demais pares desta Casa, está situado na Nova
Brasília. Isso aqui é um deserto, e a Cidade tem que avançar para cá e avançar
lá, criando um caminho novo de novo, em vez de ficar confinada no Centro da
Cidade. Este é o problema. Acho que nós temos que pensar num alargamento do
Centro, ou num Centro novo. Não é trazer, Vereador, é seguir o curso da Cidade.
É diferente daquilo que V. Exa. viu ontem, na Vila Restinga, onde criaram uma
Restinga; não, tem que dar o curso para seguir a Cidade, quer para cá, quer
para lá, que está parada criminosamente, no atestado mais eloqüente de
incompetência. Para lá, está reservada para V. Exa., estão reservadas, após a
Câncio Gomes, áreas - eu não quero entrar em conflito - para indústrias. Vejam
o ridículo que está situado aquilo lá e vejam como Porto Alegre está confinada
dentro desta coisinha que é o Centro da Cidade.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Brochado da Rocha, eu por problemas funcionais,
não pude ouvir de todo o pronunciamento de V. Exa., o que me penitencio de ter
ouvido e perdido um bom discurso sobre a Cidade. V. Exa. tocou num ponto que eu
acho que é uma questão que o Município tem que começar a pensar mais
rapidamente, que é o problema das sinaleiras. Eu acho que tem sinaleiras demais
na Cidade. Até acho que a sinaleira é o tipo do acidente necessário para que o
trânsito flua corretamente. O que me parece e que o Município não fez e há um
Projeto, V. Exa. sabe que deve estar engavetado aí, o problema da sincronização
destas sinaleiras. Eu não me atreveria a dar uma estatística, mas eu ousaria
dizer que o trânsito melhoraria em até 30% se nós sincronizássemos melhor as
nossas sinaleiras.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Eu estou de acordo com V.
Exa., mas afirmo a V. Exa. que o Executivo na época enviou um Projeto sobre
ondas verdes, com um atestado do Ministério do Planejamento, que tinha só seis
meses de existência, para implantar todo o sistema de onda verde em Porto
Alegre. Nós achamos que seis meses não caracterizava notória especialidade. O
Processo encontra-se na Casa. Mas, repetindo ainda para findar, brindando o
Ver. Frederico Barbosa e respondendo ao Ver. Flávio Coulon, queria dizer o
seguinte: Porto Alegre é tão insólita em sinaleiras que até construíram
viadutos para botarem sinaleiras. Dito isso, digo tudo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jorge
Goularte em Comunicação de Líder.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu queria iniciar nesta Casa um movimento visando a aglutinar os
homens de centro, os políticos de centro, como está correndo em todas as casas
legislativas do Brasil. Assim como as esquerdas estão se unindo em torno das
definições comuns, que os chamados Centros Democráticos se unam, também, nas
questões que digam respeito ao equilíbrio, ao bom senso e, exatamente,
defendendo o “slogan” do meu Partido, para que o Brasil seja levado a serio.
Esta é apenas uma pequena colocação para que as pessoas comecem a
pensar nesta tese independente de siglas partidárias.
O que me traz à tribuna hoje é o Projeto que estou elaborando como
substitutivo da Vereadora Teresinha Irigaray sobre o chamado Sábado Inglês. O
meu Projeto visa à abertura do comércio, inclusive, nos domingos, da livre
iniciativa comandar as relações entre o trabalho e o capital. A propósito, é
preciso que esta Casa saiba que a Constituição que vem aí traz, em seu bojo,
uma determinação que o trabalhador não poderá trabalhar mais do que 8 horas
diárias. Mais, ainda, reforça a minha tese de que este horário livre vai
fortalecer, vai criar novas ofertas de mão-de-obra e vai fazer com que tantos
desempregados, neste Município, consigam condições, consigam oferta de emprego
que é isto que nós queremos.
Sempre entendi que o comerciário erradamente defendia o fechamento do
comércio aos sábados. Entendia que uma coisa é a redução da jornada de
trabalho. A redução da jornada de trabalho como conseqüência traz o aumento do
número de vagas. Agora, a redução do horário do funcionamento de loja traz como
conseqüência a redução da oferta do número de vagas.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com tranqüilidade, com mais
segurança ainda, eu volto ao assunto que tenho debatido nesta Casa, qual seja,
a liberdade de o comércio abrir no horário em que ele achar que deve, desde que
tenha tantos funcionários para tantos turnos quanto funcionar este
estabelecimento comercial. Esta é a tese principal. É isto que tem que
acontecer. E não a defesa errada dos comerciários, a meu ver, errada, mas
respeito as posições em contrário que defendem a redução do horário de
funcionamento de loja, o que, consequentemente, traria a redução do número de
vagas. E, há pouco tempo, houve a redução do horário de funcionamento de banco
e o que se viu foi a demissão em massa de milhares de bancários em todo o País.
Não precisa ser muito inteligente, pode ser medianamente inteligente para saber
que a redução do horário de funcionamento de qualquer estabelecimento reduz o
número de vagas. É natural, isto é tranqüilo.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto hoje a insistir que
este meu Projeto está - agora vejo - fortalecido, com a determinação de que o
empregado só poderá trabalhar até 8 horas. Assim mesmo, eu acho cada vez mais
forte a minha tese de que deve haver a liberdade do comércio para que isto
determine um maior número de vagas possíveis num País, num Estado, num
Município de desempregados, de fome e de miséria.
Por isso, cada vez mais, eu insisto na tese: liberdade que trará um
maior número de vagas em toda a rede comercial de Porto Alegre. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Hermes Dutra em Comunicações.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, embora com a garganta um pouco irritada, não deveria falar, pois
devo fazer um discurso mais tarde, mas tenho tempo e posso não tê-lo amanhã.
Gostaria de comentar um assunto que acho de fundamental importância e
que, lamentavelmente, a Casa não deu a importância que mereceu quando foi
tratado aqui. Costumo dizer que não critico as decisões da Casa porque as
aceito. Até para depois ter autoridade moral de exigir que aceitem as minhas
posições morais, embora possam não concordar. Então, não se trata de crítica às
decisões da Casa, mas de uma forma equivocada de ver a situação, que trago
novamente para ouvir a opinião dos Senhores.
Ontem, votamos o aumento dos servidores públicos municipais. Pois saibam
V. Exas. que a votação foi ilegal, pois diz o Regimento Interno que, 48 horas
antes da votação, devem ser distribuídos nos avulsos os pareceres das Comissões
por onde tramitou. Na verdade, o Parecer foi aprovado às duas horas da tarde,
entregue em torno de três horas, para uma votação que processou lá pelas três e
meia, mais ou menos. Uma votação flagrantemente ilegal, pois contraria o
Regimento Interno. Agora por que nós fizemos isto? Fizemos porque sabíamos que,
se não votássemos o aumento ontem, os funcionários não poderiam receber aquela
mixaria ainda este mês e, por menor que seja a mixaria, é melhor do que nada,
então se faz aquela votação. E não é a primeira vez, já de outras vezes
projetos de interesse da Casa não têm seguido o ritual regimental. Ora,
qualquer do povo poderá argüir a ilegalidade da votação, porque não se seguiu o
Regimento Interno. E o que é mais grave, a Mesa incorre em crime de
responsabilidade, porque a tarefa da Mesa é zelar pelo Regimento Interno, e nós
incorremos em crime por omissão, porque sabendo - e não podemos argüir o
desconhecimento da Lei, que é o Regimento - que a votação era ilegal, fizemos a
votação. Faço esta introdução, porque quero rediscutir este assunto que esta
Casa rejeitou. Em 1984, fiz um Projeto de mudança no Regimento Interno, criando
a figura de acordo de lideranças. Segundo o qual, uma vez que todos os líderes
da Casa concordassem com determinado projeto de lei, poderia haver dispensa de
avulsos, a matéria poderia ser colocada em regime de urgência sem passar pelo
Plenário e poderia haver inversão ou supressão de matérias constantes da Ordem
do Dia. Mais ainda, a aprovação de Votos de Pesar e Congratulações, Moções,
Pedidos de Providência e Indicações. O acordo de lideranças, obviamente, só
seria válido se firmado por todas as lideranças da Casa. Onde um não assinasse,
ele não teria valor. E, prevendo uma eventual ação da liderança contrária a sua
Bancada, o Projeto previa que o Plenário, por dois terços, derrubaria o acordo
de lideranças se assim entendesse necessário. Ora, o que se quis fazer com isto
não era o voto de liderança. Lamentavelmente, quando votaram esta matéria, eu
estava licenciado, e o Ver. Antonio Hohlfeldt, relator, fez um relatório contra
e obteve a aprovação dos Vereadores Werner Becker e Elói Guimarães, que eram os
outros membros da Comissão. O que se queria com esta reforma do Regimento
Interno era permitir que esse tipo de Projeto de aumento de funcionários
pudesse ser votado em tempo hábil sem irmos contra o Regimento Interno, como,
aliás, se faz em qualquer Parlamento civilizado. Na Assembléia Legislativa, o
Executivo entregou uma Lei pela manhã e à tarde foi aprovada. Isto porque todas
as lideranças concordaram com a matéria. Se não há discordância, porque o
ritual do processo legislativo que, por si só, é e tem que ser moroso. Porque,
senão, seriam criadas as leis, desconhecidas da comunidade, sem que a
comunidade pudesse, eventualmente, vir aqui se manifestar. Mas, quando a Casa,
pela unanimidade das suas lideranças, entende que um ou outro Projeto que não
vai prejudicar ninguém precisa ser votado, por que não insistirmos na figura do
acordo de lideranças?
Hoje o Presidente, às vezes desesperado, chama ao seu gabinete os
líderes, e até é difícil reunir todos, porque são nove, a Câmara está muito
inchada de partidos políticos, e tenta desesperadamente fazer acordos de
lideranças ilegais, pois não são previstos no Regimento Interno.
O Legislativo tem que se atualizar. O Relator, à época, o nobre Ver.
Antonio Hohlfeldt, disse que se tentava criar a figura do voto de liderança.
Não é isto não. E vou mais longe. Até acho que, se fosse o caso, para
determinados projetos, pode haver o voto de liderança. Mas não é o caso, como
isto é um assunto polêmico, não quis incluir aqui, porque, exatamente, era um
assunto polêmico. Agora, a figura do acordo de lideranças é essencial para o
funcionamento do Legislativo. E esta Casa, O Ver. Cleom Guatimozim, que é
Vereador há 20 e tantos anos aqui, não sei por que não incluiu um dispositivo
no Regimento Interno, prevendo a existência do acordo de liderança. É
essencial. Eu me lembro, uma vez acompanhado ao Prefeito João Dib, fizemos uma
reunião na Prefeitura com o Ver. Elói Guimarães, que era Líder do PDT, com o
Ver. Antonio Hohlfeldt, que era Líder do PT, e com o Ver. André Forster, ou o
Ver. Werner Becker, não me lembro que era o Líder do PMDB. A questão era a
seguinte: o Sr. Prefeito deveria viajar para Brasília e assinar, dentro de dois
dias, numa solenidade que contaria com a presença de todos os Prefeitos de
Capitais, um convênio que traria para o Município de Porto Alegre uma
importância relativamente grande em termos de recursos. A Legislação Municipal
diz que o Sr. Prefeito, para assinar convênios, tem que ter autorização da
Câmara, e era impossível a Câmara se reunir a tempo de aprovar uma autorização.
Aí se falou de forma muito clara, muito aberta, que, se nós não assinarmos este
convênio, Porto Alegre estará perdendo este dinheiro. E as lideranças foram
sensíveis e autorizaram o Sr. Prefeito ilegalmente, diga-se de passagem, a ir a
Brasília e assinar o convênio, porque o interesse público se sobrepunha ao
processo legislativo. Se existisse, no Regimento Interno, a figura do acordo de
lideranças, num dia só, a Câmara teria condições de fazer a autorização para
que o Prefeito fosse a Brasília - nessa peregrinação eterna que fazem os
prefeitos, de chapéu na mão, a mendigar junto ao Poder Central - e poder
assinar um convênio e trazer um dinheirinho para Porto Alegre. Há uma
Associação de Prefeitos de Capitais, cujo Presidente, se não me engano, é o
Prefeito de Pernambuco, que luta, junto ao Governo Federal, por uma série de
reivindicações, e tiveram uma reunião, há pouco tempo, da qual participou o
nosso ilustre Alcaide desta Cidade, Dr. Alceu Collares. Se eventualmente, de
uma hora para outra, o Presidente da República entender de fazer um convênio
global, para atender uma ou mais daquelas reivindicações feitas pelos Prefeitos
de Capitais, o nosso Prefeito não poderá comparecer, sem que esta Casa se reúna
para autorizar a sua viagem, em primeiro lugar, e em segundo, para autorizar a
assinatura do convênio. Então, por que não ter a figura do acordo de liderança?
Não traz prejuízo a ninguém, ao contrário, só traz benefícios. Outra questão
são os Votos de Congratulações, questão essa que levantei, também, na
oportunidade. Às vezes, faz-se um Voto de Congratulações para uma entidade que
está fazendo trinta, quarenta, cem anos, e ele fica ali uma semana ou duas,
porque, quando chega na hora da votação dos requerimentos, não há mais
"quorum", tornando, muitas vezes, inócuo o objetivo daquele Vereador
que quis homenagear determinada comunidade ou entidade. Então, vejam V. Exas.
que o acordo previa que, eventualmente, se distribuísse, diariamente, aos
Líderes, a relação dos Votos de Congratulações, aqueles que não têm problemas,
e aqui vou fazer um chiste, pois os do Ver. Jorge Goularte, certamente, nós
iríamos discutir em Plenário, porque são polêmicos, mas os outros 98%, que não
são polêmicos. Por que vem a Plenário, por que ocupar a Ordem do Dia com estes
fatos, enquanto a Pauta fica cada vez mais gorda e não consegue desovar? Por
que não fazer as inversões de Pauta e Ordem do Dia por acordo de lideranças, ao
invés de fazê-las em Plenário, quando nem sempre há número suficiente para
votar e se faz inversões ilegalmente? Não se trata de querer resolver, aqui, os
problemas todos do Legislativo, mas de tomar medidas lógicas que vão até tirar
- desculpem a palavra, pode ser até pesada - a hipocrisia que às vezes fica,
quando não há "quorum" e se vota. Como, por exemplo, quando não se
pode votar o aumento dos funcionário e se vota, porque temos que votar, não
vamos deixar o funcionário sem aumento. Então, por que não fazer esta figura do
acordo de lideranças? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, por inversão com a Vereadora Gladis Mantelli, o Ver. Flávio
Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o meu pronunciamento de hoje, basicamente, vai-se concentrar em
assuntos de imprensa. Em primeiro lugar, gostaria de registrar, com satisfação,
o primeiro aniversário do Jornal RS, cuja linha editorial é de crítica ao atual
Governo do Estado, o que me deixa muito à vontade para me rejubilar com este
acontecimento. Um jornal semanal que consegue completar, no RS, um ano merece
ser cumprimentado e exaltado, porque, quanto mais imprensa tivermos, melhor
será para a democracia. Como já disse, trata-se de uma linha que tem sido
sempre crítica ao Governo Pedro Simon. Mas me parece que, justamente aí, reside
um dos méritos desta imprensa, pois com sua crítica, ela tem ajudado - e muito
- o Governo Pedro Simon. É realmente deste tipo de imprensa - imprensa crítica
que bate, que defende os interesses de categorias e do povo, é que nós vamos
construir a nossa democracia.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vou tirar uma casquinha do pronunciamento de V. Exa.
para fazer um comercialzinho para um Projeto, de minha autoria, que anda meio
que engatinhando. Esse tipo de imprensa, chamada imprensa alternativa, encontra
uma dificuldade muito grande que é o monopólio da grande imprensa, que compra,
inclusive, as bancas que vendem; esses dias cheguei em uma banca e pedi o RS, e
o caro se abaixou, foi lá embaixo e de lá tirou; então, fiz um Projeto, que
tramita na Casa, pois, como os donos de bancas são permissionários do serviço
público, ficarão obrigados a colocar à vista do público os periódicos impressos
na Cidade de Porto Alegre.
O SR. FLÁVIO COULON: Acho que tem muito mérito
esse Projeto. Então, Ver. Hermes Dutra, Srs. Vereadores, é com grande
satisfação, independente de qualquer tipo de coloração, de simpatia partidária,
que transmito ao Jornalista Sérgio Jockmann e à sua equipe, as congratulações
deste Vereador, e tenho certeza, da minha Bancada, por este acontecimento
memorável que é um órgão de imprensa alternativo, aqui do Estado do Rio Grande
do Sul, conseguir ultrapassar, com êxito, a marca do seu primeiro ano. Seguindo
ainda dentro do assunto imprensa, gostaria de cumprimentar a Administração
Alceu Collares que apresenta o Jornal da Metrópole, com uma belíssima
fotografia do nosso simpático Prefeito Alceu Collares em sua capa; gostaria de
cumprimentar a linha editorial que apresenta uma série de fotografias e
matérias sobre a Administração, mas gostaria de lamentar que o Secretário
Wilton foi discriminado no jornal; não aparece a fotografia desse Secretário, e
de todos os outros Secretários aparece. Gostaria também de lamentar que aparece
apenas a fotografia de dois Vereadores, Ver. Adão Eliseu, simpático, como
sempre, e aqui meu querido socialista moreno predileto, Ver. Ennio Terra, mas,
em compensação, Vereador, não aparecem os outros Vereadores. Que barbaridade!
Como é que a Administração de Alceu Collares discrimina, e só V. Exa. aparece
sorridente aqui? Não aparece a barba do Ver. Pedro Ruas, não aparece a simpatia
do Ver. Cleom Guatimozim, Líder da Bancada, que é discriminado neste jornal.
Aqui eu levo a minha solidariedade. A minha solidariedade também ao Presidente
Brochado da Rocha, que é uma honra para qualquer partido ter um presidente
assim e não colocou o Presidente, que é uma das figuras principais do Partido
neste jornal. E levo a minha solidariedade também ao Ver. Getúlio Brizolla,
cuja fotografia deveria aparecer nesse jornal, e é lamentavelmente discriminado
pela Administração Alceu Collares. Peço desculpas - estou indignado, Ver. Isaac
Ainhorn, bonito também, de barba, não aparece, um dos Vereadores mais elegantes
desta Casa não aparece no Jornal do Prefeito Alceu Collares.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Talvez seja uma questão de distribuição, pois são
tantos os periódicos editados por esta Administração que, certamente, se
colocarem 2 Vereadores do PDT em cada um deles, ainda vai sobrar periódico. É
incrível o que tem de jornal circulando por aí.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ou será que os adeptos do grupo... o GUS...
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Eu tenho respeito pelo pedido de uma Questão de Ordem, porque, quando
eu peço uma Questão de Ordem, é porque eu estou sendo atingido. Agora,
miniatura de gente não me ofende. Obrigado.
O SR. FLÁVIO COULON: Incorporo ao pronunciamento
e acredito que o Vereador esteja revoltado. Presto novamente a minha
solidariedade ao Vereador. Acho que ele tem toda a razão de estar magoado com o
Governo Alceu Collares. Para encerrar o meu pronunciamento, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, gostaria de comentar uma notícia que tem muito a ver, no meu
modo de entender, com o tempo de Liderança do Ver. Jorge Goularte, porque ele
esteve aqui convocando as forças de centro. Primeira coisa: só existe hoje, no
Brasil, centro e esquerda; direita, é uma constatação, desapareceu total.
Ninguém mais assume a direita. Só assume o centro e a esquerda. Mas acredito
que esse pronunciamento tem a ver com esta notícia, Ver. Pedro Ruas, que diz o
seguinte: PFL quer pacto contra o PMDB em Porto Alegre. O PFL, o PDT e o PDS
estão negociando um candidato único à sucessão do Prefeito Alceu Collares, a
fim de derrotar o PMDB. Gostaria de dizer que esta notícia publicada no Jornal
do Brasil, de sexta-feira, nos enche de satisfação e de orgulho, porque é, na
realidade, o reconhecimento tácito da força do PMDB, é o reconhecimento de
todas as forças oposicionistas de que ninguém ganhará as eleições no próximo
ano do PMDB, e precisarão se coligar. E eu, mais uma vez, volto a dizer: Ver.
Pedro Ruas, se V. Exa. tiver algum problema de ir para o palanque com Paulo
Maluf, com o Gen. Figueiredo, com Antônio Carlos Magalhães, V. Exa. terá abrigo
no PMDB. Fique tranqüilo que nós estaremos esperando V. Exa. e o Ver. Hermes
Dutra. Serão abrigados na nossa legenda se esta evidentemente aceitar. V. Exa.
já suportou tanta coisa que talvez esta coligação acabe suportando também.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não posso aceitar o convite honroso de V. Exa. na
medida em que eu não eliminaria a possibilidade de ir para o palanque com o Dr.
Antônio Carlos Magalhães, que vive no palanque com os dirigentes do Partido de
V. Exa.
O SR. FLÁVIO COULON: Mas e o Figueiredo, como é
que é?
O Sr. Pedro Ruas: Mas, eu diria, Ver. Flávio
Coulon, que a informação a que V. Exa. refere da tribuna foi prestada pelo Ver.
Raul Casa, segundo consta aqui na informação, que não foi dita da tribuna, e
que não está autorizado - com todo o respeito que devo ao Líder do PFL nesta
Casa - a falar em nome do PDT, muito menos a anunciar coligações para a
Prefeitura que não existem. Está feito o reparo ao equívoco que V. Exa. cometeu
sem saber, na medida em que apenas leu o jornal. Muito obrigado.
O SR. FLÁVIO COULON: Para encerrar, Sr.
Presidente, por uma questão de justiça, Ver. Pedro Ruas, e conhecendo bem a
capacidade de articulação do Ver. Raul Casa e o trânsito que o Ver. Raul Casa
tem junto ao Partido de V. Exa., eu não me arriscaria a ser tão taxativo,
então, ficaríamos nos 50%.
O Sr. Pedro Ruas: Eu me arrisco.
O SR. FLÁVIO COULON: Encerro o meu
pronunciamento, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Getúlio Brizolla.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, funcionários desta Casa. Hoje eu faço uso da tribuna para desmentir
certos Vereadores que vêm enganando o povo e eu, que tenho uma grande
responsabilidade, pelo voto do povo, e que não sou demagogo, trabalho, não uso
a tribuna diariamente, como alguém usa. A minha sigla é o PDT; a minha sigla é
o trabalho; a minha é gente. Não sou aquele tamanho de pessoas que foram ao
aeroporto bater palmas para João Figueiredo. Não me misturo com essa raça. Sou
um homem que tenho comigo um baita de um trabalho. Agora, se estão morrendo de
avião, ou morrendo devagar, eles que morram pelas próprias mãos, mas não venham
falar de um homem que só trabalha: Leonel Brizola. E não venham falar do homem
que trabalha dia e noite e pegou uma Prefeitura com 22 anos de corrupção. Hoje,
este homem está deixando uma Prefeitura limpa, não devendo para funcionários,
pagando e até dando aumentos, o que não aconteceu no Estado com o tal de
Governador Pedro Simon, que, para mim, não é Governador.
Eu olho para os dois lados e quando um homem fala é porque tem razão.
Não aceito demagogia! Vão mentir lá no rancho de vocês, por favor não mintam
para o povo, porque o povo precisa e necessita de verdades e de trabalho. Não é
ouvir um mentiroso que enriqueceu todo o Ministério quando era Presidente. Este
ex-Presidente vem aqui mentir para o povo gaúcho, só porque é gaúcho e nasceu
aqui? Nasceu no Rio Grande do Sul e veio mentir para o povo mais uma vez. João
Figueiredo nasceu no Rio Grande, é gaúcho. Ah, ah, é carioca? E eu até digo
mais: eu sei até onde ele nasceu. Nasceu na fronteira. Ele é cria de Bagé. Ou é
cria de Alegrete? Eu sei que é da fronteira. O Getúlio Brizolla fala a verdade.
O Sr. Ignácio Neis: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, V. Exa. deve estar-se enganando com Mary
Teresinha. Quem nasceu em Bagé foi Mary Teresinha, parece-me. E Figueiredo me
parece que foi no Rio de Janeiro.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Nobre Vereador, V. Exa. é
apaixonado pela Mary Teresinha.
O Sr. Ignácio Neis: Sou fã de Teixeirinha e
Mary Teresinha. Agora me parece que V. Exa. está enganado. Nunca ouvi falar que
João Figueiredo tenha nascido aqui no Rio Grande do Sul. Ele trabalhou aqui no
Rio Grande do Sul.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Não. Ele nasceu aqui. É que
o nobre Ver. Ignácio Neis não sabia que este homem que vendeu o Ministério, que
levou todo o dinheiro destas nossas crianças, que é João Figueiredo, nasceu no
Rio Grande do Sul. Então, eu quero que a Casa registre: ele nasceu aqui.
O Sr. Ignácio Neis: Vou mandar corrigir lá no
Tabelionato, então.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Corrija para o Senhor,
Vereador, agora, não minta para Getúlio Brizolla. Falar de Leonel Brizola, que
é aquele que fez tudo por Porto Alegre, pelo Estado do Rio Grande do Sul e
esteve 15 anos no exílio, vocês não falam neste homem, agora vão bater palmas
no aeroporto para João Figueiredo. Até vão de muleta. O tal de João Dib, que eu
conheço ele meio por longe. De muleta, batendo palmas. Que coisa bonita! Mas
não trouxe nada para o Rio Grande aquelas pessoas nomeadas, e não tem coragem
de negar porque não sabem chegar na Casa de um amigo, de um vizinho ou de uma
vizinha. Não tem coragem igual a de Getúlio Brizolla: de apertar a mão do povo.
Igual a coragem de Leonel Brizola, de apertar a mão do povo. Isto é ser gente!
Isto é ser honesto. Uma dívida a gente só paga com um aperto de mão, visitando
quem votou em nós.
Agora, vem, para mim, um Vereador usar a tribuna querendo enganar o
povo. É mentira, não vão enganar mais. Agora, este que é Getúlio Brizolla vai
chegar todo o dia de porta em porta e dizer a verdade, o que estes 33, menos
eu, não dizem. E digo com uma baita de uma razão, pois ando caminhando por
todas as vilas de Porto Alegre e não encontro um Vereador sabendo como estão
aquelas vilas. Agora, o Getúlio Brizolla está lá. Este trabalha. E vou trabalhar
mais, pois acho que até, um dia, vou pisar na cabeça da cobra, que está lá em
Brasília. Porque lá em Brasília está a cabeça da cobra. Daí vou ter condições
de ajudar mais o meu povo. Vou ajudar mais o meu povo, pois aqui estou ouvindo
só mentiras. Quem sabe em Brasília eu fale mais a verdade do que estou falando
aqui. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn por cessão do Ver. Frederico Barbosa.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Nós trazemos a esta tribuna, na tarde de hoje, para conhecimento
dos Srs. Vereadores um fato que por si só já nos leva à procedência de um
Projeto o qual nós solicitamos desta Casa o desarquivamento. Trata-se do
Projeto que envolve alteração da Lei 4.617, de 1979, e da Lei 5.743, de 1986,
que trata sobre o transporte escolar. Em março, houve um reajuste em relação às
tarifas do transporte escolar do ano de 1986 de cerca de 200%. Isto de março de
1986 em relação à tarifa que era cobrada em 1986. Posteriormente, no mês de
julho de 1987, houve novo reajuste de 100% na tarifa do referido transporte e,
agora, os pais de alunos que se valem deste meio de transporte receberam
simplesmente uma comunicação de que a tarifa desse transporte sofrerá
reajustamento na base de 58%. Portanto, somados todos os reajustes, temos um
aumento acumulado de 500% do transporte escolar da Cidade de Porto Alegre nos
últimos oito meses. E foi exatamente para coibir esta abusiva situação em
relação ao transporte escolar que nós solicitamos o desarquivamento de um
Projeto de autoria do Ver. Elói Guimarães no sentido de que a Secretaria
Municipal de Transportes passe a definir e autorizar os aumentos em relação ao
transporte escolar na Cidade de Porto Alegre. E, agora, temos a certeza de que,
se este Projeto for aprovado, nesta Casa, pelos Senhores Vereadores, será
acatado pela assessoria técnica e pelo Sr. Secretário Municipal, cujo parecer
será extremamente importante, porque ele próprio foi o autor do Projeto que transfere
à Secretaria Municipal de Transporte, ou seja, ao Poder Público, a
responsabilidade de estabelecer a tarifa do transporte escolar na Cidade de
Porto Alegre.
Eu entendo que o transporte escolar é um transporte relevante para a
Cidade de Porto Alegre. É uma realidade, e o objetivo de nós assumirmos o
encaminhamento, termos requerido a urgência em relação ao Projeto que define e
disciplina de forma diferente o que até agora vem sendo adotado no transporte
escolar, é exatamente para que se estabeleçam normas, para que se estabeleçam
regras e que não se verifiquem aumentos abusivos, indiscriminados em relação ao
transporte escolar da Cidade.
Sem nenhuma consulta, no meio do ano letivo, sem quaisquer razões que
justificassem, sem entendimentos com os pais dos usuários desse serviço,
simplesmente aumenta-se em mais de 57% a tarifa do transporte escolar da
Cidade. Evidentemente, famílias de classe média não podem, a qualquer momento,
desorganizar a estrutura de organização familiar em que as suas crianças são
levadas às escolas pelo transporte escolar e são coagidas a aceitar estes
aumentos.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, vamos
descontar depois isto no seu tempo, eis que a Mesa pede ao Ver. Hermes Dutra,
Líder do PDS nesta Casa, que faça adentrar no recinto o Sr. Deputado Jarbas
Lima, que se encontra presente na Casa. A Mesa pede escusas a V. Exa.
(O Sr. Jarbas
Lima é conduzido até a Mesa.)
O SR. ISAAC AINHORN: Nós assistimos à chegada do
nobre Dep. Jarbas Lima, que muito honra esta Casa com a sua presença, hoje,
nesta tarde, e aumenta a nossa responsabilidade, em relação ao pronunciamento
que daqui, desta tribuna, fazemos, porque sabemos que o Dep. Jarbas Lima é, sem
dúvida nenhuma, um dos grandes tribunos desta terra e que segue a linha, a
trajetória e a vida política de grandes oradores e de grandes políticos. Por
esta razão, a Casa, e sinto-me neste momento intérprete de todos os meus pares,
sente-se orgulhosa com a presença do Dep. Jarbas Lima, sobretudo porque é um
parlamentar que todos os seus mandatos e cargos foram em cima do voto popular.
Salientávamos que, além daqueles aumentos abusivos, há um outro aspecto que
deve ser disciplinado, em relação ao transporte escolar, e que, da maneira como
está, não pode continuar, ou seja, os pagamentos são feitos antecipados,
normalmente numa relação jurídica, em que o objeto do contrato é uma
determinada prestação de serviços, e este só é pago após a sua prestação. No
entanto, em relação ao transporte escolar isto não é feito. A legislação
municipal é extremamente falha em relação a este aspecto, porque não há uma
disciplina em relação ao momento do pagamento, embora as normas jurídicas
gerais e a Teoria Geral do Direito embasem a posição de que um pagamento só
pode ser feito após a efetiva prestação do serviço, permitindo-se, em
determinadas circunstâncias, que se cobre antecipadamente, mas num serviço como
este, que é o transporte escolar, Ver. Marcinho Medeiros, em que o custo, o
ônus do transporte é muito grande para a família que se valem deles, não se
pode fazer isto. Queremos salientar ainda que não são os ricos que utilizam
esse transporte, são os trabalhadores e trabalhadoras que têm de chegar no
horário em seu trabalho e, por isso, não podem levar os filhos à escola. É a
classe média que se vale do transporte escolar, mas, do jeito que as coisas
vão, não será mais possível utilizar este tipo de serviço. Anteriormente, os
aumentos eram feitos com a consulta aos pais. Agora, os aumentos são abusivos e
os pais não são consultados. Simplesmente são comunicados que, a partir da data
“x”, o preço do transporte será outro, sabemos que as pessoas são constrangidas
e não têm outra alternativa que não aderir àquela cláusula unilateral de
aumento. Esta é a realidade, Ver. Aranha Filho, e V. Exa. sabe disto. E o
pagamento é feito antecipadamente, cabendo ainda, em caso de qualquer atraso,
como estão nas cláusulas do carnê de pagamentos, uma cláusula penal de 10% mais
os juros de mercado.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nós reconhecemos a importância do assunto que V. Exa.
aborda. Ontem esta Câmara deveria ter votado, mas por uma decisão, que teve o
meu voto contrário, foi retirado de Pauta este debate e suspenso por cinco
Sessões. Se esta Casa não tivesse feito isso, talvez o abuso que está sendo
denunciado pelo colega, dos transportadores em cima dos transportados, tivesse
sido evitado.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu vou dizer a V. Exa. Eu
inclusive, fui signatário, a pedido do nobre Ver. Clóvis Brum, do Partido de V.
Exa., para que se adiasse, por cinco Sessões, o Projeto de Lei que disciplina o
transporte escolar na Cidade de Porto Alegre, porquanto, fui o que requereu o
art. 44, para que se colocasse na Ordem do Dia o Projeto, para não chegarmos ao
final do ano sem termos examinado e iniciado um novo ano letivo sem um conjunto
de normas que impeçam os abusos que estão ocorrendo atualmente. E digo mais,
até em adendo à preocupação de V. Exa., que acho nobre e importante, é que
vamos requerer ao nosso Líder, Ver. Cleom, vamos entregar a ele, porque já
estamos na Ordem do Dia e só ele, na condição de Líder, pode assinar emendas;
temos uma Emenda de Líder ao Projeto, requerendo um dispositivo de que a
prestação de serviços de transporte escolar não poderá ser cobrada antecipadamente.
Em segundo lugar, sobre a mensalidade não poderá ser cobrada a cláusula penal,
por entendermos medida de natureza injusta. Por todas estas razões, entendo que
as cinco Sessões vão permitir a que os Vereadores tenham um maior
amadurecimento com relação a este Projeto de revisão da legislação sobre o
transporte escolar.
A União dos Transportadores Escolares - UTEPA - é uma organização, uma
associação corporativista e toda poderosa, ninguém pode fazer nada em matéria
de transporte escolar sem consultá-la; não existe sequer o poder público
concedente regulando e disciplinando essa matéria. Por essa razão, muito maior
relevância tem hoje o reexame dessa matéria que se encontra na Ordem do Dia.
Portanto, acho Ver. Marcinho Medeiros, que as cinco Sessões que subscrevemos
não prejudicará uma disciplina que já se faz necessária com relação ao
transporte escolar em nossa Cidade. Encerro, mais uma vez, denunciando a
cobrança antecipada de uma prestação de serviço, o aumento e as cláusulas
penais abusivas que são cobradas neste serviço. Por todas essas razões, nós
achamos que o exame deste Projeto, desta matéria será da maior valia, para pôr
um fim, um basta a toda esta situação de abuso em matéria do transporte escolar
na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Liderança com o PFL. A palavra com Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Prezado Dep. Jarbas Lima, que honra esta Casa com sua presença. Em
pronunciamento realizado ainda hoje, voltei a abordar o problema da falta de
desejo ou da falta de oportunidade da SMT em responder às questões apresentadas
por esta Casa, por Vereadores de oposição, pelo PFL, enfim, responder as
questões levantadas pela própria população de Porto Alegre. Mostrei o plano de
Governo do Prefeito Alceu Collares. Inteligentemente, o Presidente desta Casa,
Ver. Brochado da Rocha, veio à tribuna e, como sempre faz, brilhantemente,
tangenciou o assunto e voltou a falar de vinte anos de colocação de sinaleiras,
quando esqueceu de dizer o porquê de que, no momento em que saem sinaleiras do
Parque Moinhos de Vento, colocam-se outras atrás de árvores ou embutidas entre
os galhos das árvores, como são aquelas que denunciei. Prezado Dep. Jarbas
Lima, V. Exa. é um freqüentador do “Parcão” e sabe que o Executivo Municipal
conseguiu fazer uma verdadeira obra de arte que é retirar as sinaleiras da 24
de Outubro com a Goethe, colocando duas outras, uma atrás da árvore e outra
dentro da árvore, ou seja, colocada entre dois galhos, numa verdadeira, repito,
obra de arte ainda não vista na Cidade. Mas, agora, refiro-me a outra
solicitação da população. O Sr. Prefeito recebeu os moradores da Av. Salgado
Filho, há mais de trinta dias, moradores estes que não conseguem ter o acesso
de veículos automotores às suas residências, eis que toda a Av. Salgado Filho
está tomada por pontos de terminais de ônibus, com alguma quadras com cinco
terminais e a calçada contemplada, evidentemente, com a fila dos que aguardam
ônibus, com mais um camelô, mais um ambulante, mais uma banca de revista, mais
um vendedor de churros, um vendedor de pipoca e mais não sei o quê. E o Sr.
Prefeito Municipal, diante das Lideranças presentes e de mais de 30 pessoas que
com este Vereador compareceram, declarou que queria dar solução imediata ao
problema da Salgado Filho. Passam trinta dias e não é nenhuma resposta que não
seja, no mínimo, uma resposta de consideração à população de Porto Alegre.
Volto a repetir, no mínimo, consideração àqueles que lá se dirigiram para
tentar resolver um problema que, diga-se de passagem, era do pleno conhecimento
do Chefe do Executivo, pois ele foi encontrado caminhando na Salgado Filho -
coisa elogiável - , e que atestou à população de lá, através dos seus líderes, de
que necessita, imediatamente, tomar uma posição com referência à Av. Salgado
Filho, Avenida que tem um único edifício com garagem, Edifício Jaguari, que
serve como mictório para a população e que não consegue, com edifícios com mais
de 150 apartamentos, ter acesso o morador, nem mesmo vindo de táxi, de
automóvel ou de qualquer outro tipo de veículo automotor. Ela está tomada,
enquanto a Av. Borges permanece entregue aos carros particulares, quando há
abrigo natural através do Viaduto Otávio Rocha, mictório público à disposição,
e tendo sido, há tempos atrás, colocada como terminal de ônibus, onde se pode,
inclusive, destinar à população até bancos, como era feito anteriormente, para
que aguardem o transporte coletivo de que necessitam. Principalmente aqueles da
Zona Sul, aguardem, se não comodamente, pelo menos em condições de usar bancos
e abrigos pela natural configuração do Viaduto Otávio Rocha, que lá está há
tanto tempo à disposição de que alguém faça alguma coisa pela população, que
está, acima de tudo, a da Salgado Filho comprimida, e a da Av. Borges de
Medeiros inexistente, eis que ninguém mora no Viaduto Otávio Rocha, pelo menos
que eu saiba, até a presente data, na sua parte de baixo ou embaixo da sua
plataforma. Portanto, é um apelo que faço, e novamente olho para a ciosa,
inteligente, capaz assessora do Executivo Municipal, que nos ajude a dizer ao
Prefeito que, mais uma vez, esqueceu da resposta, mais uma vez a SMT não
respondeu à população sobre o que pretende fazer para ajudar os moradores da Salgado
Filho, que foram extremamente modestos, pedindo que, se não há solução para o
remanejo dos terminais ali existentes, que, pelo menos, discipline que cada
quadra não as tenha de ponta a ponta, passando, inclusive, por um hotel
recentemente ali instalado, de ótima categoria, que não consegue nem mesmo ter
seus hóspedes descendo de um veículo, ou quem sabe esperam que os hóspedes que
venham a Porto Alegre venham de ônibus e sigam a pé para o hotel. Não há
condições de continuar a Salgado Filho assim como está. Palavras textuais do
Sr. Prefeito a este Vereador e a mais de trinta lideranças. Esperamos
compreensão do Prefeito e consideração no sentido de apenas dizer se vai fazer
algo ou se pode fazer algo, conforme no momento afirmou. Até agora, mais de trinta
dias, nenhuma palavra aos líderes, que, parece, não merecem uma resposta. Tenho
certeza de que merecem mais do que uma resposta, merecem isto sim, uma solução
para o problema da Salgado Filho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Com a
palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, confesso que as notícias veiculadas na imprensa sobre o surto
emancipacionista no Estado estão trazendo uma séria preocupação aos
municipalistas porque 30 novos Municípios se emanciparam, agora. Outros 27
Municípios estão aguardando a oportunidade de emancipação. Parece-me que,
nesses processos de emancipação, exatamente dentro do sistema econômico
brasileiro, e a penúria em que vivem os Municípios, com a força de
centralização da União, com o poder de império que a União exerce sobre o
Estado e os Municípios, é de causar uma preocupação muito grande. Nós
verificamos, entre os Municípios emancipados, que é até de duvidar que muitos deles
tenham 10 mil habitantes. E eu estive, por acaso, num desses Municípios e
perguntei onde estavam os 10 mil habitantes, e me disseram que estavam na
colônia. Independente dos 10 mil habitantes, 10% deles devem ser eleitores.
Devem ter, aproximadamente, 200 casas no perímetro urbano da cidade. São
condições de emancipação, independente da arrecadação, que deve ser,
aproximadamente, 91 milhões por ano, para que o Município tenha condições de
emancipar-se. Ora, verificando o surto emancipacionista que estourou e eclodiu
agora, e um outro que está para surgir a qualquer momento, nós chegamos à
conclusão de que não adianta crescer o número de Municípios se não houver o
respaldo financeiro necessário. Esse número de Municípios é para que haja
eleições para Prefeito, para Vereadores e atende mais ao interesse político do
que ao interesse geográfico, econômico ou social. Então, causa estranheza o
grande número de projetos, são 57 projetos. E vejam, por exemplo, que existem
alguns Municípios que ficaram em séria situação. Há Municípios que perderam,
com a emancipação de distritos, mais de 50% do seu ICM e, em outros Municípios,
a perda chegou a 65%, como é o caso de São Jerônimo, por exemplo, e fica mais
miserável dia-a-dia e, ainda, leva para a miséria o outro irmão. O Município de
Viamão, que prepara dois processos de emancipação, um o Município de Tancredo
Neves e o outro de Viamópolis, deixam Viamão na miséria. E, como disse o
Prefeito de Viamão, exagerando: “Nós ficamos só com as praças centrais.” Porque
a arrecadação de Viamão, os impostos, ficam em séria situação. É possível que
atenda a interesses políticos, mas, numa ordem de valores, devem predominar,
dentro da política social e econômica que vivemos neste País, uma política de
choque, em que se congelam os preços, deixa-se dispararem de novo, congelam
novamente, e os Municípios sempre viveram na miséria. Então, aumenta-se a
miséria do Estado, criando o maior número possível de Municípios.
Ora, qualquer povoado que tem uma pequena indústria de couro já deseja
emancipação, já querem emancipar-se, mas o Prefeito eleito estará em Brasília
de chapéu na mão pedindo dinheiro, sem condições nenhuma de emancipar-se
financeiramente.
Eu não pretendo parecer que me coloco contra o interesse político. Eu
poderia citar um Município em que a luz apaga à meia noite, porque tem um motor
que tem que esfriar e, da meia noite até a manhã, ele esfria, após as 24 horas
não tem mais iluminação. Está entre os 27 Municípios que quer emancipar-se.
Então, como municipalista, como brasileiro e observador dos problemas
econômicos e sociais, eu lastimo este surto de emancipações em nosso Estado que
não acrescenta nada e não ajuda em nada, aumentando a miséria brasileira.
Deveria haver outros freios, outros dispositivos, outra forma de travar este
interesse político, esta ordem de valores que se está colocando acima do resto
todo, inclusive do interesse da população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Gostaríamos de ressaltar a
presença já, no Plenário, do Conjunto “Os Araganos”. É um prazer tê-los nesta
Casa. Não há "quorum". Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h58min.)
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